Uma Iniciativa Crucial para a Saúde Pública
No Brasil, o aumento alarmante de casos de intoxicação por metanol, que já afetou pelo menos 209 pessoas, sendo 16 fatalmente, tem despertado a atenção para a necessidade de soluções eficazes. Nesse cenário, a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) se destaca com o desenvolvimento de uma tecnologia inovadora que promete identificar a presença de metanol em bebidas alcoólicas. Idealizada por pesquisadores do Departamento de Química e do Programa de Pós-Graduação em Química (PPGQ), a pesquisa vem ganhando repercussão em nível nacional.
O principal objetivo dos pesquisadores é assegurar a qualidade das bebidas destiladas. A tecnologia, que se destaca por sua rapidez e custo acessível, utiliza um método que emite luz infravermelha em garrafas lacradas. A luz provoca agitação nas moléculas, permitindo que um software colete e analise os dados, identificando substâncias indesejadas na bebida, desde o metanol até possíveis adulterações com água, que visam aumentar o volume do produto.
Desempenho e Aplicações Práticas
Coordenada pelo professor David Douglas Fernandes, a pesquisa conta com a colaboração de outros especialistas, como os professores Railson de Oliveira Ramos, Germano Veras e Felix Brito. Os pesquisadores afirmam que o método é capaz de detectar adulterações em questão de minutos, sem a utilização de produtos químicos. “Conseguimos uma taxa de classificação de 97% no nosso estudo”, revelou o professor David. Ele também explicou que a tecnologia permite rastrear cachaças da Paraíba, possibilitando a distinção de produtos locais em comparação com aqueles de outras regiões do país.
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Fonte: alagoasinforma.com.br
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Fonte: rjnoar.com.br
Além de facilitar as análises laboratoriais, a invenção da UEPB pode ser aplicada por órgãos reguladores. “Os dispositivos identificam adulterações em poucos segundos, sendo prontos para uso em campo, na indústria e durante ações de fiscalização”, destacou o professor David.
Validação e Futuro da Pesquisa
A pesquisa, que teve início em 2023, já resultou em publicações científicas relevantes. Em 2025, os pesquisadores lançaram dois artigos na respeitada revista “Food Chemistry” sobre seu método inovador. Entre os trabalhos publicados, destacam-se o estudo sobre a “autenticação não destrutiva de Cachaças do Brejo Paraibano” e a “quantificação do teor alcoólico e identificação de fraudes em cachaças tradicionais”.
O professor David Fernandes enfatizou que a metodologia não apenas detecta adulterações, mas também é capaz de identificar alterações fraudulentas, como a adição de água. O próximo passo é a escalabilidade do método, que inclui o desenvolvimento de um canudo que muda de cor ao entrar em contato com o metanol, facilitando a detecção de forma prática.
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Fonte: vitoriadabahia.com.br
Desenvolvimento de Kits de Identificação
A pesquisa avança com a criação de instrumentos portáteis de baixo custo, que utilizam espectroscopia NIR e imagens digitais para aplicação em linha de produção. A professora Nadja Oliveira, pró-reitora de pós-graduação da UEPB, explicou que o novo canudo impregnado com uma substância química mudará de cor ao entrar em contato com o metanol, proporcionando segurança ao consumidor.
O professor Railson Oliveira acrescentou que o foco atual é disponibilizar um kit de baixo custo que permite a identificação qualitativa da presença de metanol. “O kit, que usará canudos descartáveis impregnados com reagentes, indicará em poucos minutos se a bebida contém ou não metanol”, detalhou.
Impacto e Parcerias Futuras
A equipe da UEPB também busca parcerias com empresas para a produção em larga escala dos canudos. O objetivo é garantir que órgãos de vigilância tenham acesso prioritário a esses kits, antes de disponibilizá-los para distribuidores e consumidores.
O investimento em inovação tem sido uma prioridade para a UEPB, que continua a fortalecer suas pesquisas por meio do Laboratório Multiusuário (LABMULTI), com apoio da Fundação de Apoio à Pesquisa da Paraíba (Fapesq) e de autoridades estaduais. O desenvolvimento contínuo de tecnologias de baixo custo é uma das metas estabelecidas pela universidade.
Com o aumento preocupante de intoxicações no Brasil, a tecnologia da UEPB chamou a atenção de autoridades, incluindo o Ministério da Saúde. Em uma reunião recente com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, os pesquisadores discutiram a possível implementação da tecnologia como uma política pública. A reitora Célia Regina expressou que essa colaboração visa enfrentar de forma técnica e científica um grave problema de saúde pública, reforçando o compromisso da instituição com a ciência e o desenvolvimento social.