A Revolução Verde na Ilha do Combu
Com uma coroa de folhas do açaizeiro e um título que remete à realeza, Charles, também conhecido como Gerson Tadeu Teles, é um símbolo de transformação e turismo sustentável na Ilha do Combu, situada em Belém, no Pará. Sua trajetória é marcada pela transição de um antigo derrubador de árvores para um defensor fervoroso da floresta amazônica.
Charles fundou o Ygara Artesanal, um projeto que promove experiências imersivas na floresta, permitindo que os turistas participem de rituais ancestrais, realizem trilhas e desfrutem de banhos aromáticos com ervas medicinais. “Cresci aqui, observando o que a floresta nos proporciona e a importância de respeitá-la. Ao receber visitantes, percebi que era possível gerar renda sem destruir, mostrando a riqueza natural que temos”, comenta o empreendedor.
Impacto do Turismo na Comunidade Local
O Ygara Artesanal tem atraído uma média de 50 visitantes por semana, número que tende a crescer durante as férias e feriados. Além das trilhas ecológicas, a iniciativa de Charles também inclui a venda de produtos regionais, como artesanato e doces feitos de frutas nativas, o que não apenas gera renda, mas também impacta positivamente sua família e inspira outros moradores da ilha.
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Fonte: cidaderecife.com.br
“É gratificante mostrar a beleza do meu lar. O turismo sustentável me ensinou que cuidar da floresta é essencial para a nossa própria sobrevivência”, afirma Charles, revelando o orgulho que sente ao promover seu trabalho e a preservação ambiental.
Colaboração para o Sucesso do Projeto
O projeto Ygara Artesanal opera em colaboração com agências de turismo, a Cooperativa de Transporte do Combu e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), todos focados em pequenos negócios sustentáveis. Segundo Rubens Magno, diretor-superintendente do Sebrae no Pará, iniciativas como a de Charles são evidências de que a bioeconomia pode ser uma alternativa viável para o desenvolvimento regional.
“Acreditamos que fortalecer empreendedores locais é vital para um crescimento sustentável e para a valorização da cultura local”, destaca Magno. O avanço é notável: em 2019, havia apenas um ou dois empreendedores formalizados na região, enquanto hoje esse número chega a quase 80.
Rota Combu: Um Novo Caminho para o Turismo Local
Recentemente, o Sebrae, em parceria com moradores locais e a Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), lançou a Rota Combu. O objetivo é desenvolver o turismo de base comunitária na região, valorizando a cultura ribeirinha e o ecoturismo. Este projeto envolve 14 empreendimentos locais, abrangendo agroecologia, artesanato, trilhas, hospedagens e vivências culturais.
A consciência ambiental é um ponto central, especialmente com a proximidade da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá em Belém. “Já oferecemos cursos que estimulam o uso de energias renováveis e a redução do uso de plásticos. Com essa mudança, estamos promovendo uma verdadeira consciência ecológica entre nossos empreendedores”, explica Magno.
Desafios a Superar
Apesar das conquistas, Charles expressa preocupações em relação aos investimentos em turismo e a falta de melhorias significativas na qualidade de vida dos moradores da Ilha do Combu. “Sentimos a falta de políticas públicas voltadas para o povo da floresta”, lamenta o empreendedor.
Os principais desafios incluem os serviços precários de saneamento básico. “A coleta de lixo, por exemplo, ainda é insuficiente, e muitos moradores não têm orientações adequadas para descartar os resíduos corretamente”, destaca.
Além disso, a escassez de água potável é uma questão crítica. “Ainda compramos água mineral, e o preço é bem alto. Temos esperança de que a situação melhore até a COP, mas as incertezas permanecem”, conclui Charles, expressando a esperança de que a mudança necessária finalmente ocorra.