Encontro Histórico para a Cultura Brasileira
O Ministério da Cultura (MinC) iniciou, nesta terça-feira (7), o 1º Seminário Nacional de Ações Afirmativas na Cultura, intitulado ‘Política Nacional Aldir Blanc em Todo Canto do Brasil’. O evento visa discutir e fortalecer políticas culturais que promovam diversidade, equidade e inclusão social. O seminário, realizado em parceria com o Sesc-SP no Sesc Bom Retiro, marca um passo significativo na construção de um espaço cultural mais representativo e acessível, ampliando a participação de grupos historicamente excluídos.
Antes do início da programação, Cassius Rosa, secretário-executivo adjunto do MinC, abriu o evento ressaltando a importância histórica do encontro e os avanços no redesenho das políticas culturais do país. Ele relembrou os desafios enfrentados na gestão da pasta e destacou o impacto positivo das iniciativas implementadas até agora. “Estamos investindo em políticas afirmativas de forma mais robusta do que muitos orçamentos de outros ministérios. Acreditamos que isso ajuda a construir cidadania e identidade, além de promover o desenvolvimento econômico e social nos territórios”, afirmou.
Abertura com Diversidade de Vozes
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A mesa de abertura, que teve como tema ‘Ações Afirmativas na Cultura para Construção do Bem Viver’, trouxe vozes diversas e potentes. Participaram do debate a influenciadora e jornalista Tia Má, a coordenadora de comunicação do Geledés Instituto da Mulher Negra, Natália Carneiro, a escritora e ativista indígena Eliane Potiguara, e o influenciador e ativista Ivan Baron.
Tia Má destacou o papel importante do MinC e das políticas públicas, afirmando que “esse evento representa um marco histórico. Pela primeira vez, o governo federal coloca ações afirmativas na cultura no centro do debate, reconhecendo que cultura é um direito, não um privilégio”. Ivan Baron, trazendo sua vivência como nordestino, LGBT e PCD, provocou a audiência a refletir sobre inclusão e representatividade. “Se só o Ivan está presente, não é inclusão, é exceção. A inclusão deve ser um compromisso”, destacou.
Eliane Potiguara enfatizou a relevância da ancestralidade e da luta pela terra para os povos originários, afirmando que “sem a demarcação de terras, nossa identidade cultural fica comprometida, pois ela está intrinsecamente ligada a esses espaços”. Por sua vez, Natália Carneiro compartilhou suas experiências de acesso desigual à cultura e ressaltou que as ações afirmativas são essenciais para a construção de memórias e legados significativos.
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Fonte: rjnoar.com.br
Memória e Futuro nas Ações Afirmativas
A sequência do seminário contou com a Mesa 1, que discutiu ‘Ações Afirmativas na Cultura: Memória, Conquistas e Futuro’. Esta sessão reuniu nomes influentes nas políticas públicas culturais, como o pesquisador e agente cultural George Bispo, a ex-vereadora Elaine Mineiro, o doutorando indígena M’byá Guarani Daniel Iberê e a agente cultural Gislana Monte Vale.
A mediação ficou a cargo de Mariana Braga, chefe da Assessoria de Participação Social e Diversidade do MinC. Os debatedores compartilharam suas experiências e reflexões sobre os avanços nas políticas afirmativas, os desafios persistentes e os caminhos para um futuro mais inclusivo na cultura brasileira. “É nossa tarefa trazer as ações afirmativas como um aspecto transversal em todas as políticas públicas”, afirmou a mediadora.
George Bispo relatou sua trajetória e enfatizou o papel transformador da arte nas periferias. Ele reivindicou um maior acesso a editais e recursos, criticando a concentração de investimentos em áreas mais ricas, como Pinheiros. “A arte tem um poder transformador que sempre foi exercido pelo nosso povo, mesmo antes do Estado”, disse.
Gislana Monte Vale acrescentou que é fundamental construir políticas públicas em colaboração com os grupos sociais, ressaltando que “a política precisa ser feita com, e não apenas para ou sobre os grupos”. Elaine Mineiro completou que a garantia de recursos públicos é imprescindível para a expressão artística e a justiça territorial. “Não há política pública sem financiamento”, destacou.
Daniel Iberê encerrou a mesa reafirmando a cultura como uma identidade viva que está enraizada no território. “A cultura dos povos indígenas não nasce com o reconhecimento do Estado, e não morre quando esse mesmo Estado tenta apagá-la. Nós somos cultura em essência”, finalizou.