A ascensão de Campinas no turismo de negócios
Com uma imagem impressionante da região da Torre do Castelo, Campinas se destaca no cenário do turismo de negócios, superando cidades turísticas renomadas como Natal e Recife. O que realmente movimenta a rede hoteleira desta metrópole é o fluxo de visitantes a trabalho, algo que vai além do turismo tradicional de lazer.
“Muitas pessoas associam o turismo apenas ao lazer, mas na realidade, existem diversas outras razões para viajar que geram uma demanda muito maior, especialmente proveniente da atividade econômica”, afirma Roberto Brito de Carvalho, economista e diretor da Faculdade de Ciências Econômicas da PUC-Campinas.
Além do turismo de negócios, Campinas é reconhecida por sua atuação no turismo científico e tecnológico, ambos contribuindo significativamente para a economia local.
O que caracteriza o turismo de negócios?
O turismo de negócios se refere a atividades profissionais, incluindo reuniões, conferências e feiras corporativas. Diferentemente do turismo de lazer, os visitantes que viajam a trabalho geralmente têm suas despesas cobertas pelas empresas.
Carvalho destaca vários fatores que têm impulsionado o crescimento do setor na cidade:
- Proximidade de Campinas com a capital paulista, localizada a aproximadamente 100 km;
- Desenvolvimento econômico dinâmico;
- Um forte conjunto de universidades e centros de pesquisa;
- Infraestrutura robusta para acolher eventos tanto públicos quanto privados;
- Opções variáveis de hospedagem;
- Uma infraestrutura de transporte eficiente, que inclui um aeroporto e rodovias importantes.
“Campinas se destaca positivamente nesse contexto, pois sua mobilidade facilita a realização de ações e eventos corporativos. Isso resulta em custos mais baixos e um deslocamento mais ágil para os visitantes”, comenta Carvalho.
Crescimento da demanda hoteleira
Eduardo Porto, diretor comercial e de marketing da Rede Vitória Hotéis, também percebeu um aumento significativo na demanda por hospedagem. “A maior parte dos nossos hóspedes vem a trabalho. Durante a semana, os eventos corporativos predominam, enquanto os finais de semana são movimentados por eventos sociais, como festas e casamentos. Contudo, a maior parte das reservas é, sem dúvida, voltada para o setor corporativo”, relata Porto.
Impacto econômico do turismo de negócios
Brito, economista da PUC-Campinas, destaca que o crescimento do turismo de negócios traz um efeito multiplicador significativo para a economia local. “Como as despesas desse tipo de turismo costumam ser pagas pelas empresas, é normal que esses viajantes gastem mais. O tíquete médio de um viajante a trabalho tende a ser superior ao de um turista de lazer, já que muitos custos são reembolsados ou arcados pela empresa”, explica Brito.
Esse aumento de gastos tem um impacto direto na geração de empregos e renda, beneficiando aqueles que atuam no setor de turismo. Além dos efeitos diretos, existem também os impactos indiretos. “Muitas vezes, esses visitantes utilizam serviços locais, como cabeleireiros ou lojas de shopping. Isso gera uma série de efeitos indiretos que, embora não estejam diretamente ligados à atividade turística, são essenciais para a economia da cidade”, acrescenta Carvalho.
Crescimento do setor em números
De acordo com o estudo da Ominbees, Campinas apresentou um crescimento de 8,5% nas reservas de hotéis em comparação ao mesmo período de 2024, posicionando-se como a nona maior do Brasil. O faturamento total gerado pelas reservas também cresceu 27%, um indicativo claro da ascensão do setor.
Entre as 30 cidades mais reservadas no primeiro semestre de 2025, Campinas se destaca na lista:
- São Paulo (SP)
- Rio de Janeiro (RJ)
- Belo Horizonte (MG)
- Gramado (RS)
- Foz do Iguaçu (PR)
- Curitiba (PR)
- Brasília (DF)
- Salvador (BA)
- Porto Alegre (RS)
- Maceió (AL)
- Fortaleza (CE)
- Campinas (SP)
- Goiânia (GO)
- Natal (RN)
- Ipojuca (PE)
- Porto Seguro (BA)
- Recife (PE)
- Florianópolis (SC)
- Guarulhos (SP)
- Balneário Camboriú (SC)
- Ribeirão Preto (SP)
- João Pessoa (PB)
- Campos do Jordão (SP)
- Armação de Búzios (RJ)
- Vitória (ES)
- Poços de Caldas (MG)
- Cuiabá (MT)
- Aracaju (SE)
- Maringá (PR)
- Olímpia (SP)
Brito aponta que a expectativa é de que o setor continue crescendo. “Campinas, sendo a 14ª cidade mais populosa do Brasil, possui um potencial robusto para expansão. Apesar de estar no interior, as oportunidades de crescimento são significativas”, conclui o economista, enfatizando que investimentos contínuos na cidade são promissores para o futuro.