Um Debate Crucial sobre Sustentabilidade
No contexto da COP30, realizada em Belém do Pará, o JAC H1, o primeiro barco-escola do mundo movido a hidrogênio verde, foi o cenário escolhido para o evento Boat Talks, intitulado “O Futuro que Plantamos: Quando o Turismo Cresce com a Natureza”, realizado no último dia 17 de novembro. O encontro, que aconteceu na Estação das Docas, contou com a presença de representantes do Ministério do Turismo, do Governo Brasileiro e da ONU Turismo. O foco do debate foi a sustentabilidade, a valorização das comunidades tradicionais e o papel do Brasil na transição climática.
Dentre os participantes, estavam Ana Carla Lopes, secretária-executiva do Ministério do Turismo; Daniel Cady, nutricionista e especialista em sustentabilidade; e Saikat Das, representante global da juventude na UNFCCC, com mediação da jornalista Tainá Aires.
A Importância das Comunidades Tradicionais
A secretária-executiva Ana Carla Lopes enfatizou que as políticas de turismo sustentável devem ser desenvolvidas diretamente nos territórios, garantindo a inclusão efetiva de comunidades tradicionais, indígenas, quilombolas e ribeirinhos. “As políticas de turismo precisam ser moldadas por aqueles que habitam e protegem a floresta. Cada comunidade possui ensinamentos valiosos que podem ser partilhados”, defendeu.
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Durante sua fala, Lopes apresentou iniciativas promovidas pelo Ministério do Turismo, como o projeto Experiências do Brasil Original. Esse projeto visa capacitar povos e comunidades tradicionais a criar produtos turísticos e experiências que fortalecem o turismo de base comunitária, contribuindo para a geração de renda.
Simbolismo e Sustentabilidade
O fato de discutir os desafios climáticos a bordo de uma embarcação movida a energia limpa na Amazônia foi ressaltado por Ana Carla como um forte simbolismo. “Estamos em um barco movido a hidrogênio, refletindo sobre a sustentabilidade na Amazônia. Isso certamente ficará registrado na história”, destacou.
Turismo Regenerativo e Saúde
O especialista Daniel Cady trouxe à tona práticas de turismo regenerativo realizadas com abelhas nativas sem ferrão na Bahia. Ele ressaltou a conexão entre a natureza e a saúde humana, afirmando que a distância do meio natural pode afetar o bem-estar das pessoas. “As pessoas anseiam por experiências que promovam pertencimento, tranquilidade e reconexão com a natureza”, disse.
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Durante a COP30, Cady também visitou comunidades ribeirinhas na Ilha do Combu, evidenciando a Amazônia como fonte de inspiração, cura e reconexão com a natureza.
A Conexão com as Políticas Climáticas
Saikat Das, como representante da juventude na UNFCCC, defendeu que é fundamental aproximar a linguagem das políticas climáticas da população geral. “Há um grande abismo entre como as políticas são formuladas e como são entendidas pelo povo. A comunicação sobre clima precisa ser simples e acessível culturalmente”, afirmou.
Ele lembrou que os jovens, que representam cerca de 1,8 bilhão de pessoas em todo o mundo, ainda têm uma participação mínima nas decisões políticas. Por isso, Das sugere que a educação climática comece nas famílias e se expanda para escolas e comunidades.
Um Legado para o Futuro
Ao reafirmar o papel do Brasil como um líder em ecoturismo, Ana Carla Lopes destacou os legados que a COP30 deixará para Belém. Dentre os avanços está a implementação de protocolos de lixo zero nos principais pontos turísticos da cidade, como o Mercado Ver-o-Peso e a Estação das Docas, em colaboração com a Universidade Federal do Amapá (UNIFAP).
“Estamos capacitando trabalhadores para gerenciar adequadamente o lixo. Todos se comprometeram a manter esse modelo a longo prazo. Isso representa um legado da COP”, celebrou Ana Carla.
A secretária também mencionou progressos nas trilhas de longo curso em território brasileiro, como a Amazônia Atlântica, recém-lançada na COP30, que conecta unidades de conservação e comunidades ao longo de 450 quilômetros no Pará.