A Crise no Futebol Turco
O futebol na Turquia enfrenta uma de suas maiores crises históricas. Na última segunda-feira (10), a Federação Turca de Futebol (TFF) anunciou a investigação de 1.024 jogadores, incluindo 27 estrelas da primeira divisão, a Super Lig. A medida, segundo a TFF, é uma ‘precaução’ em resposta a um escândalo de apostas esportivas que veio à tona no final de outubro.
As investigações já resultaram em penalizações para 149 árbitros e na renúncia de 45 delegados de partidas. Dados revelados pela TFF indicam que 371 dos 571 árbitros ativos nas ligas profissionais da Turquia possuíam contas em sites de apostas, com 152 deles realizando apostas ativamente. Um dos árbitros investigados fez impressionantes 18.227 apostas, enquanto outros 42 apostaram em mais de mil partidas.
Jogadores e Partidas Sob Suspeita
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Fonte: acreverdade.com.br
Entre os 27 jogadores da elite que estão sendo investigados, destacam-se dois do Galatasaray, dois do Besiktas e um do Trabzonspor. É importante ressaltar que, exceto pelo Fenerbahçe, todos os clubes entre os dez primeiros da Super Lig têm pelo menos um atleta sob investigação. Na segunda divisão, mais 77 jogadores são investigados, enquanto 282 e 629 atletas estão na terceira e quarta divisão, respectivamente.
Diante da gravidade da situação, a TFF anunciou a suspensão de todas as partidas das divisões inferiores por um período de duas semanas, devido ao grande número de atletas implicados no esquema de apostas.
Um Alerta Mundial para a Integridade no Esporte
A situação na Turquia serve como um alerta para o mundo do esporte, segundo especialistas em integridade esportiva. Eles indicam que o crescimento das apostas, sem sistemas adequados de prevenção e controle, é um terreno fértil para manipulações.
“O ambiente influencia o comportamento. Ambientes permissivos, incentivos distorcidos e a ausência de diretrizes claras abrem espaço para desvios e manipulações. A credibilidade do esporte depende de comportamentos éticos consistentes, supervisão independente e liderança exemplar. A integridade, como costumo dizer, deve ser uma vivência, não apenas uma regulamentação. Sem uma cultura forte e coerente, qualquer regra se torna uma formalidade”, afirma Roberta Codignoto, advogada especializada em compliance.
Fernando Monfardini, advogado e consultor em compliance, complementa que o escândalo turco sublinha a necessidade de estruturas institucionais sólidas em torno da integridade esportiva. “Países com futebol exposto ao mercado de apostas precisam desenvolver a integridade de maneira abrangente. Isso inclui a criação de departamentos de integridade com autonomia e orçamento, políticas claras para apostas, auditorias e coordenação efetiva entre clubes, federações e órgãos públicos”, destaca.
Monfardini acrescenta que um programa eficaz deve incluir uma matriz de riscos e um canal de denúncias confiável, além de educação continuada e um sistema de respostas investigativas e sanções proporcionais, integrando compliance às ameaças de apostas ilegais e manipulações.
Desdobramentos Legais
O escândalo de apostas na Turquia já extrapolou a esfera desportiva, gerando repercussões legais. Recentemente, a Procuradoria-Geral do país determinou a prisão de 21 indivíduos, entre eles, 17 árbitros e Murat Ozkaya, presidente do Eyupspor, um clube que compete na primeira divisão do futebol turco. A situação continua a se desenvolver, e o impacto desse escândalo poderá ser sentido por muito tempo.